Há 30
anos o filme "Amadeus" estreava nos cinemas de vários países do
mundo. O título desse drama ficcional é a versão latina do sobrenome
“Theophilus” do famoso compositor nascido em Salzburgo, Johannes Chrysostomus
Wolfgangus Theophilus Mozart (1756-1791). O longa- metragem é uma adaptação da
peça homônima escrita em 1979, pelo dramaturgo inglês Peter Shaffer, sucesso na
Broadway em 1980, que por sua vez, foi baseada na obra “Mozart e Salieri”
escrita em 1830, pelo romancista e poeta russo Alexandre Puskin (1799-1837).
Curioso
observar que em 1830, já se falava da suposta rivalidade entre Mozart e o
Antonio Salieri (1750-1825), então compositor oficial da Corte do Imperador
José II (1741-1790), irmão de Maria Antonieta, aquela mesma, Rainha da França,
decapitada em 1793 durante a Revolução Francesa (1789 a 1799). Mas, será que
tal hostilidade existiu? E mais, o compositor italiano realmente matou ou teria
tentado matar Mozart? Estas são algumas das várias perguntas que ouço sobre
“Amadeus” nas minhas aulas de “História da Música” e “Apreciação Musical” do
Curso de Música da UFG.
Na vida
real, é possível que tenha existido algum tipo de rivalidade entre os dois no
campo musical. Entretanto, não há evidências que corrobore essa teoria. Nas
duas biografias de Mozart que li até hoje, “Mozart, Sociologia de um Gênio” de
Norbert Elias, 1991 e “Mozart: vida, temas e obras” de Nicholas Kenyon, 2005,
lembro-me de apenas uma passagem que faz menção sobre este assunto. Trata-se de
uma carta do pai de Mozart à filha Nannerl, datada de 1786, ano da estreia da
ópera cômica “Bodas de Fígaro”: “Será de admirar se for um sucesso, pois sei
que há poderosas cabalas contra teu irmão. Salieri e todos os seus apoiantes
tentarão, de novo, mover céus e terra para rebaixar esta ópera.”... (texto completo)